Publi #5: Memórias de uma vida pequena, de Laura Elizia Haubert





          Laura Elizia Haubert, Graduada e Mestre em Filosofia pela PUC-SP. Participou de antologias de contos como "As coisas que as mulheres escrevem", pela Desdêmona Editora, e de revistas literárias como a Revista Poto do SESI-SP e a Revista Subversa. Publicou, em 2015, pela Editora Multifoco, o livro "Ode a Nossas Vidas Infames", e , em 2017, pela Editora Piauí, o livro "Sempre o mesmo céu, sempre o mesmo azul."
        Em "Memórias de uma vida pequena", acompanhamos as lembranças da vida de uma mulher desde sua infância até a sua velhice. E no decorrer dessa trajetória de vida, nos deparamos com os dilemas e questões que fazem parte da vida humana.
        De modo poético, a narradora revisita as memórias da sua infância e acompanhamos as suas recordações familiares. Ela narra as primeiras lembranças que possui de sua mãe, a imagem de uma mulher forte, ativa e vaidosa. E de modo oposto, seu pai é apresentado como uma figura passiva e desinteressada da vida. O que eu achei interessante é que a autora dá um sentido filosófico ao falar sobre o tempo, sobre a memória, além de falar sobre as relações que construímos ao longo de nossas vidas. Um livro que nos possibilita inúmeras refexões. Sobre a primeira infância destaco o trecho:

"A infância que nunca tive pois ela existe na cabeça de outros, as primeiras palavras, os primeiros passos, medos e angústias, risadas e choros. Toda uma parte da minha vida foi mais de mamãe que minha."

           Dessa forma, a narradora nos conta sobre suas experiências em diferentes fases da vida, suas descobertas e decepções. Ainda na infância nos conta sobre sua fase religiosa, dos motivos que a levaram a se interessar de forma obsessiva pela religião e os que a levaram a desistir da fé: "Tudo me acontecia com pressa, a vida e a morte, a fé e a descrença." 
         Passou boa parte da adolescência num estado de espera perante a vida do que propriamente vivendo, tomada de uma passividade de que algo acontecesse por si só, do que fazendo acontecer, sendo coadjuvante de sua própria vida. Nesta fase, a narradora também fala de seus amores, do corpo feminino, sobre os desejos e o gosto pela solidão. Com o passar do tempo vieram as perdas dos entes queridos e com a maturidade a narradora também foi tomando consciência de sua própria vida e de seu passado. 
            O livro cresce conforme avançamos na leitura. A escritora discute temas que fazem parte do cotidiano e da vida humana e, ao desenvolvê-lo, imprime um sentido filosófico e poético de temas como a fé, sonhos, passagem do tempo, sobre a vida e a morte, o amor, amizades, família e o gosto pela solidão, permitindo reflexões profundas e tornando a leitura encantadora.. 

Autora: Laura Elizia Haubert
Quintal Edições [2019, 140p]
Literatura contemporânea brasileira 


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