Livro: Eu, Tituba: Bruxa Negra de Salem
Autora: Maryse Condé
Editora: Rosa dos tempos [1ed.- 2019. 250p. ]
Tradução: Natalia Borges Polesso
Projeto: Lendo
Mulheres - Romance Francês
Avaliação: ✭✭✭✭✭
O romance “Eu, Tituba, bruxa Negra de Salem”,
de Maryse Condé, tem como narradora e protagonista, a personagem Tituba,
que nos conta a trajetória de sua vida num período sob jugo do sistema
escravocrata. Nesta obra, Tituba é uma mulher negra escravizada, filha de Abena,
também negra escravizada, que sofreu atrocidades e violências que são relatados
já no início do livro e de forma impactante. Tituba cresce em Barbados e é
acolhida por Man Yaya, uma senhora curandeira conhecida e temida na região por
conhecer os mistérios da natureza e pelos seus poderes sobrenaturais e, antes de morrer, repassa todos os seus ensinamentos para Tituba sobre as propriedades
venenosas e curativas das plantas, além de sabedorias sobrenaturais. Nesse
sentido, a obra possui traços marcantes do realismo mágico, por apresentar
elementos que subvertem a realidade como mecanismo de olhar a realidade sob um
novo ângulo, de modo a possibilitar a saída da sua dureza.
Tibuba vivia de maneira livre e isolada numa
cabana, até que conhece e se apaixona por Jonh Indien, um escravo da região. Para
viver junto com o seu amado e acompanhá-lo como sua esposa, ela resolve abdicar
de sua liberdade, se tornando uma escrava. A partir disso, acompanhamos a
condição da mulher, negra e escrava, seus sofrimentos por causa da sua cor, das intolerâncias religiosas, passando por grandes infortúnios em sua vida.
Tituba e Jonh Indien pertenciam ao Reverendo Samuel Parris, que junto com sua família resolve se mudar para aldeia de Salem, colônia inglesa da América do Norte, um povoado que vivia sob influência da doutrina puritana, onde as pessoas eram preconceituosa e supersticiosa.
Nesta obra, em grande parte de caráter ficcional, Condé faz uma releitura e um resgate histórico ao reescrever o episódio de Salém de 1692, período no qual mulheres foram acusadas e mortas por bruxaria. No entanto, Condé escreve sob uma nova perspectiva, complementando lacunas existentes, destacando a voz feminina e o protagonismo de Tituba, uma mulher com personalidade questionadora, dando um rumo diferente para a vida da personagem. Condé desenvolve em seu romance questões sobre maternidade, feminismo, a relação homem e mulher, os contrastes entre as vidas de brancos e negros, senhores e escravos.
Tituba e Jonh Indien pertenciam ao Reverendo Samuel Parris, que junto com sua família resolve se mudar para aldeia de Salem, colônia inglesa da América do Norte, um povoado que vivia sob influência da doutrina puritana, onde as pessoas eram preconceituosa e supersticiosa.
| Salem, Massachusets - EUA |
Nesta obra, em grande parte de caráter ficcional, Condé faz uma releitura e um resgate histórico ao reescrever o episódio de Salém de 1692, período no qual mulheres foram acusadas e mortas por bruxaria. No entanto, Condé escreve sob uma nova perspectiva, complementando lacunas existentes, destacando a voz feminina e o protagonismo de Tituba, uma mulher com personalidade questionadora, dando um rumo diferente para a vida da personagem. Condé desenvolve em seu romance questões sobre maternidade, feminismo, a relação homem e mulher, os contrastes entre as vidas de brancos e negros, senhores e escravos.
Tituba usava seus conhecimentos de cura utilizando ervas e
banhos para ajudar a esposa e a filha do Reverendo, livrando-as das enfermidades que as
acometiam. No entanto, essa prática levaram todos a acreditarem que se tratavam de atos de bruxaria e uma ameaça maligna. Ela cuidava
das crianças, contava histórias e acreditava que este amor era recíproco, até
descobrir que a filha e a sobrinha do reverendo as acusaram de bruxaria. As meninas começaram a ter comportamentos estranhos, se contorciam, gritavam sons bizarros. Sendo assim, após análise de um médico, este constatou não se tratar de uma alteração no quadro clínico das pacientes, se tratando, portanto, de questões sobrenaturais. Após as denúncias, Tituba é presa, torturada e
coagida a confessar em seu julgamento pela prática de bruxaria e que todos os
seus atos foram obra do maligno e que a possuía.
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| Tituba sendo presa - Gravura anônima do século XVII |
Maryse Condé cria um destino e um final impactante para a personagem Tituba. Um livro que prende nossa atenção e nos aproxima dos sentimentos da personagem numa leitura comovente.
Leitura recomendada
Maryse Condé (Guadalupe, 1937) é feminista, professora emérita de francês e filologia romântica na Columbia University. É autora de mais de vinte livros, de diversos gêneros literários. Em 2018 recebeu The New Academy Prize in Literatura, premiação criada como alternativa ao Nobel Prize de 2018.


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