Lendo Proust #2: À sombra das raparigas em flor





Em outubro, iniciaremos o projeto de leitura coletiva do livro "À sombra das raparigas em flor",  o segundo volume da série "Em busca do tempo perdido", de Marcel Proust.
O cronograma foi construído com base na edição da Biblioteca Azul, Editora Globo. No entanto, todos poderão participar independente da edição, já que aqui você encontra um método para adaptar o cronograma de acordo com a sua edição.
O Projeto irá acontecer oficialmente no Instagram Tour Literário e para participar, entre em contato pelo link @tourliterário. Você também pode acompanhar pelas redes sociais: Blog Tour Literário ou pela Fanpage.

Cronograma - Editora Biblioteca Azul

Semana de Leitura                         Datas das discussões                Páginas

13/10 - Leitura Inicial - Prefácio                                                   até a pág. 15
1ª Semana (14/10 - 19/10)                     20/10                        Pág. 17 até Pág. 78
2ª Semana (20/10 - 26/10)                     27/10                        Pág. 79 até Pág. 138
3ª Semana (27/10 - 02/11)                    03/11                         Pág. 139 até Pág. 200 
4ª Semana (03/11 - 09/11)                    10/11                         Pág. 201 até Pág. 260
5ª Semana (10/11 - 16/11)                    17/11                         Pág. 261 até Pág. 320
6ª Semana  (17/11 - 23/11)                   24/11                         Pág. 321 até Pág. 380 
7ª Semana (24/11 - 30/11)                    01/12                         Pág. 381 até Pág. 440
8ª Semana (01/12 - 07/12)                    08/12                        Pág. 441 até Pág. 500
9ª Semana (08/12 - 14/12)                   15/12                         Pág.  501 até Pág. 560
10ª Semana (15/12 - 21/12)                  22/12                        Pág. 561 até Pág. 620
22/12 e 23/12 - Leituras finais e encerramento do projeto   ( página 621 até o final)

Para demais edições 


Para quem possui edição diferente iremos nos basear em um determinado trecho do livro para que vocês possam acompanhar o projeto na sua própria edição, fazendo as adaptações necessárias do cronograma e do número de páginas.

1ª Semana iremos parar na página 78 e no seguinte trecho do livro:


"Minha mãe não parecia muito satisfeita de que meu pai já não pensasse na 'carreira' para o meu futuro. E creio que, como a preocupava antes de tudo que eu tivesse uma regra de vida para disciplinar os caprichos de meus nervos, o que lamentava era menos o ver-me renunciar à diplomacia do que dedicar-me à literatura. 'Ora, deixa-o', disse meu pai. 'o essencial é faze as coisas com gosto. Não é mais uma criança, já sabe o que lhe agrada; é pouco provável que mude e pode reconhecer  o que há de trazer-lhe felicidade nesta vida'. Enquanto decidia, graças à liberdade que me davam as palavras de meu pai, se eu ia ser feliz ou não nesta vida, o fato é que logo aquelas palavras paternais me causaram muito pesar. Até então, a cada vez que meu pai tivera para comigo um de seus imprevistos assombros de bondade, vinham-me tais desejos de beijar-lhe, acima das barbas, as coradas faces, e, se não chegava a fazê-lo, era só por temor de que não lhe agradasse. Mas agora, assim como um autor se assusta ao ver que suas próprias fantasias, que não  considerava de grande valor porque não as separava de si mesmo, obrigam um editor a escolher determinado papel, caracteres talvez mais belos do que merecem, indagava eu comigo se meu desejo de escrever seria realmente tão importante que valesse a pena que meu pai desperdiçasse com ele tanta bondade."

2ª Semana iremos parar na página 138 e no seguinte trecho do livro:

"É que consideramos o precedente sem levar em conta que uma longa assimilação o converteu para nós em uma matéria variada, sim, mas homogênea, onde Hugo está junto de Molière. Mas pensemos nos chocantes disparates que nos oferecia, se não tivéssemos em conta o tempo vindouro e as mudanças que acarreta, um horóscopo da nossa idade madura, tirado diante de nós, quando adolescentes. Somente, nem todos os horóscopos são verdadeiros, e sermos obrigados a computar no total da beleza de uma obra de arte o fator tempo entremescla a nosso juízo um elemento de acaso, e por isso, tão desprovido de verdadeiro interesse como toda profecia, cuja não realização em caso algum implicará a mediocridade de espírito do profeta, porque o que chama à vida as possibilidades ou dela as exclui não é forçosamente da competência do gênio; pode-se ter tido gênio e não haver acreditado no futuro dos caminhos de ferro ou dos aviões, como se pode ser grande psicólogo e não crer na falsidade de uma amante ou de um amigo, cujas traições poderiam ser previstas por gente mais medíocre. 

3ª Semana iremos parar na página 200 e no seguinte trecho do livro:

"Nesses momentos, a nossa existência é dividida e como que repartida numa balança, em dois pratos opostos onde cabe toda. Num, está o nosso desejo de não desagradar, de não parecer muito humilde à criatura que amamos sem conseguir compreendê-la, mas a quem achamos mais hábil deixar um pouco de lado para que tenha o sentimento de se julgar indispensável, o que o afastaria de nós; do outro lado está um sofrimento - não um sofrimento localizado e parcial - que, pelo contrário, só poderia ser apaziguado se, desistindo de agradar essa mulher e de fazer-lhe crer que podemos passar sem ela, a fôssemos procurar. Quando se retira do prato onde está a altivez uma pequena porção de vontade que se teve a franqueza de deixar gastar-se com os anos e se ajunta ao prato onde está o sofrimento uma dor física adquirida e à qual foi permitido agravar-se, logo, em vez da solução e sem o suficiente contrapeso, que nos faz baixar aos cinquenta anos. Tanto mais que, embora se repetindo, as situações mudam e há possibilidades de que no meio ou no fim da vida tenhamos a funesta complacência de complicar o amor com uma parte de hábito que a adolescência desconhece, retida como está por outras obrigações e sendo aliás menos livre por si mesma."

4ª Semana iremos parar na página 260 e no seguinte trecho do livro:

"O que aumentava essa impressão de que a sra. Swann passeava pela avenida do Bois como pela alameda de um jardim da sua propriedade era - para os que ignoravam seus hábitos de footing - ter vindo a pé, sem carro que a seguisse, ela que desde o mês de maio estávamos acostumados a ver passar, com a atrelagem mais cuidada e a libré mais elegante de Paris, lânguida e majestosamente sentada como uma deusa, no morno do ar livre de uma imensa vitória de oito molas. A pé, a sra. Swann, principalmente com aquele andar que o calor tornava mais moroso, tinha o ar de haver cedido a uma curiosidade, de cometer uma elegante infração às regras do protocolo, como esses soberanos que, sem consultar ninguém, acompanhados pela admiração um tanto escandalizada de um séquito que não ousa formular uma crítica, saem do camarote durante um espetáculo de gala e visitam o saguão, misturando-se por alguns instantes aos outros espectadores.

5ª Semana iremos parar na página 320 e no seguinte trecho do livro:


" Estava sempre a repetir o nome Aimé; de modo que quando tinha algum convidado, este dizia: 'Vejo que conhece muito bem a casa'; e o convidado começava a dizer também a todo instante 'Aimé', por essa predisposição que têm certas pessoas, e em que entram a timidez, a vulgaridade e a tolice, a considerar que é um dever de engenho e elegância imitar ao pé da letra as pessoas com quem se está. Repetia o nome sem cessar, mas com um sorrisinho, pois o que desejava era fazer ostentação das suas boas relações com o mordomo e da sua superioridade sobre ele. E o empregado, da sua parte, cada vez que era pronunciado o seu nome, sorria também com carinho e orgulho, denotando que reconhecia a honra que lhe faziam e que compreendia a brincadeira.

6ª Semana iremos parar na página 380 e no seguinte trecho do livro:


"É tao maravilhosa, no gênero humano, a frequência de virtudes idênticas para todos, como a multiplicidade de defeitos que parecem peculiares a determinada criatura. Sem dúvida, 'a coisa mais espalhada no mundo' não é o senso comum, mas a bondade. Assombra-se a gente não vê-la florescer solidária nos recantos mais remotos e perdidos, como papoula de um vale distante, igual a todas as outras papoulas do mundo, ela que nunca as viu, e que jamais conheceu outra coisa senão o vento, quando às vezes agita a sua rubra corola solitária. Ainda que essa bondade, paralisada pelo interesse, não se exerça, existe, e , sempre que não lhe estorve o movimento um móvel egoísta, por exemplo, durante a leitura de uma romance ou de uma jornal, abre as suas pétalas  e inclina-se, até no coração do que, assassino na vida real, conserva a sua ternura de leitor de folhetins, pelo fraco, pelo justo ou pelo perseguido."

7ª Semana iremos parar na página 440 e no seguinte trecho do livro:

" Agora os seus encantadores traços não mais estavam indistintos e misturados. Eu os repartiria e agrupara ( na falta do nome de cada uma, que ignorava) pela grande que havia saltado por cima do velho banqueiro; pela pequena que desdenhava contra o horizonte marinho as suas faces rechonchudas e róseas, os seus olhos verdes; pela tez morena e nariz reto que se destacava entre outras entre outras; por uma outra, de rosto branco como um ovo, no qual um nariz pequenino formava um arco de círculo como o biquinho de um pinto, rosto como os têm certas criaturas muito jovens; por mais outra ainda , alta, de pelerina ( o que lhe emprestava um aspecto tão pobre e de tal forma lhe desmentia a elegância do porte que a única explicação que se apresentava ao espírito era de que aquela menina devia ter pais bastante brilhantes e que colocavam o seu amor-próprio bastante acima dos banhistas  de Balbec e da elegância indumentária de seus próprios filhos para que lhes fosse de todo indiferente deixá-la passear pelo dique numa vestimenta que gente inferior teria achado demasiado modesta);"

8ª Semana iremos parar na página 500 e no seguinte trecho do livro:

"Eu ia e vinha, impaciente por vê-lo terminar o trabalho, apanhava estudos para contemplá-los, muitos dos quais, virados para a parede, estavam empilhados  uns sobre os outros. E assim me sucedeu encontrar uma aquarela que devia ser de uma época  muito mais antiga  da vida de Elstir e que me causou essa espécie de particular encanto que proporcionam  as obras  não só de uma execução deliciosa, mas também de um tema tão singular e tão sedutor que é a este que atribuímos uma parte  do encanto da obra, como se o pintor não tivesse  tido outro trabalho senão o de descobri-lo, observá-lo, realizado como já estava na natureza, e reproduzi-lo em seguida. O fato de que possa existir tais objetos, belos, mesmo fora da interpretação do artista, contenta em nós um materialismo inato, combatido pela razão, e serve de contrapeso às abstrações da estética."

9ª Semana iremos parar na página 560 e no seguinte trecho do livro:

"Principalmente eu que, ali chegado para ver o reino das tempestades, nunca, em meus passeios com a sra. de Villeparisis, em que muitas vezes só o avistávamos de longe, principalmente no intervalo das árvores, nunca achara o oceano bastante real, bastante líquido, bastante vivo, que desse suficientemente a impressão de lançar as suas massas de água e que só gostaria de ver imóvel sob uma mortalha hibernal de bruma, eu não poderia absolutamente acreditar que estivesse sonhando agora com um mar que não era mais que um vapor esbranquiçado e que perdera a consciência e a cor.

10ª Semana iremos ler até o final do livro. 


Participe!












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