III Semana do Conto - Diário de Leitura - Parte I

Olá, pessoal!

Hoje vim compartilhar como foi a minha experiência de leitura nos dois primeiros dias do projeto da III Semana do Conto.

Quarta-feira, 24 de abril de 2019.

Katherine Mansfield (1888 - 1923)

     O conto escolhido para esta quarta foi Psicologia, da Katherine Mansfield. Este foi o meu primeiro contato com a escritora e pretendo conhecer os demais contos produzidos, já que ela é uma referência dentre os contistas. 

       O conto Psicologia, com a temática do cotidiano social, narra o (re)encontro de um casal de amigos, que reconhecem esses momentos de troca como primordiais na vida de ambos. Os fragmentos mostram a amizade, a cumplicidade e a narrativa aponta para a tentativa do casal estabelecer uma relação não sentimental e, por outro lado, o psíquico reprimido dos personagens por gestos e pelo silêncio que, neste caso, representa um momento de pausa em que os dois saboreiam a companhia um do outro. 

"Por um instante, os dois ficaram calados. Era como se ainda sentissem nos lábios sorridentes a doce surpresa do encontro. Seus eus secretos sussurravam:
- Para que falar?  Assim não basta?
- Mais do que basta. Nunca tinha percebido até agora...
- Como é bom estar com você...
-Assim...
- Mais do que basta. 

O trecho a seguir mostra a aproximação intelectual entre os personagens e que me despertou atenção.

"- Ultimamente tenho pensado muito se o romance do futuro será psicológico ou não. Até que ponto acha que a psicologia, enquanto psicologia, tem alguma coisa a ver com a literatura?
- O que você diz é que há uma boa chance de que as misteriosas criaturas inexistentes, os jovens intelectuais de hoje, estejam apenas tentando se apropriar do campo do psicanalista?
- É isso mesmo. E creio que é porque essa geração sabe que está doente e percebe que sua única chance de se recuperar é penetrar em seus sintomas... estudá-los exaustivamente, rastreá-los, tentar chegar à raiz do problema." (p.97)

O conto procura explicar a natureza da relação entre os personagens, valoriza a amizade, a possibilidade de uma relação sincera entre sexos opostos, e a tentativa de manter distância de relações emocionais e paixões que pudessem estragar a amizade.

Avaliação: ★★★  (Bom!)

Você encontra este conto no livro: Os melhores contos de Katherine Mansfiel. 

Quinta-feira, 25 de abril de 2019

Lygia Fagundes Telles

A leitura de hoje foi o conto "Os Objetos", de Lygia Fagundes Telles e este foi o meu primeiro contato com a escritora. Irei destacar dois trechos incríveis que me chamaram a atenção ... achei muito filosófico e que representa o título deste conto.

"- Veja Lorena, aqui na mesa este anjinho vale tanto quanto o peso do papel ou aquele cinzeiro sem cinza, quer dizer, não tem sentido nenhum. Quando olhamos para as coisas, quando tocamos nelas é que começam a viver como nós, muito mais importantes do que nós, porque continuam. O cinzeiro recebe a cinza e fica cinzeiro, o vidro pisa o papel e se impõe, esse colar que você está enfiando ... É um colar ou um terço?
- Um colar.
- Podia ser um terço?
-Podia.
-Então, é você que decide. Este anjinho não é nada, mas se toco nele vira anjo mesmo, com funções de anjo."(p.120

- Veja, Lorena, veja ... Os objetos só têm sentido quando têm sentido, fora disso... Eles precisam ser olhados, manuseados.. Como nós. Se ninguém me ama, viro uma coisa ainda mais triste que essas, porque ando, falo, indo e vindo como uma sombra, vazio, vazio. É o peso do papel sem papel, o cinzeiro sem cinza, o anjo sem anjo." (p.13)

Avaliação ★★★ Bom

Você encontra este conto no livro : Antes do Baile Verde ou em Os Contos

     


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